A PORTA BANDEIRA E O MELHOR CAPOEIRA

Porta-bandeira ou porta-estandarte designa o cargo, tarefa ou incumbência de alguém que tem a tarefa de levar uma bandeira que represente um Estado, um território ou uma unidade ou organização militar ou civil, sendo tal considerado normalmente uma honraria, porque se age como representante do país ou organização que a bandeira está a simbolizar. Até à Primeira Guerra Mundial usava-se um porta-estandarte da unidade militar em batalha. A bandeira era usada como referência para os soldados da unidade. A bandeira não caía em mãos inimigas pois tal era considerado um desprestígio e sinal de derrota em batalha, sendo protegida a todo o custo. Hoje apenas há porta-bandeiras em contextos cerimoniais, como num desfile de carnaval por exemplo.

A porta-bandeira como conhecemos hoje no Rio de Janeiro, surgiu nos Ranchos, associações que desfilavam ou faziam cortejo de carnaval com influências vindas de dança e divertimentos derivados da cultura africana, como Congos e Cucumbis, divertimentos estes mais difundidos entre as camadas mais populares. Nesse contexto o baliza e o porta-estandarte deviam defender os símbolos da associação. A defesa, nesse caso, não era apenas simbólica: membros de um rancho costumavam tentar roubar a bandeira do outro. Por isso mesmo, os primeiros porta-bandeiras eram homens, inclusive quando as figuras foram incorporadas pelas escolas de samba. Um dos primeiros porta-bandeiras de que se tem registro foi Ubaldo, da GRES Portela. Por sua vez, Maria Adamastor foi uma das primeiras mestre-salas.

Com o tempo, a atuação dos balizas e porta-estandartes evoluiu para o giro da porta-bandeira acompanhada pelo gingado do mestre-sala. Uma hipótese é de que essa mudança foi influenciada por danças rituais pré-nupciais das adolescentes africanas cortejadas pelos jovens guerreiro. Outra possível origem do formato atual é a dança encontrada nas festas populares e sepultamentos, em que as tribos eram identificadas por bandeiras coloridas.

Em 1938, a fantasia do mestre-sala e da porta-bandeira passou a ser um quesito de julgamento no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. A partir de 1958 o quesito passou a incluir a dança do casal. 

O Carnaval já era citado no início do século XIX sobre os blocos carnavalescos do Rio de Janeiro, muitos inclusive denominados também de grupos Maltas de capoeira, que eram grupos de ex escravos que usavam da violência e brigas de gangs nos centros urbanos, e toda essa violência acabou sendo chamada de capoeiragem, fato que fez a capoeira ser proibida a sua prática entrando como contravenção no código penal de 1890.Esses grupos eram divididos por bairros, e cada grupo era muito envolvido em festas populares e até com comícios políticos. No carnaval cada grupo possuía o seu escudo, sua bandeira denominado de pavilhão, e nos desfiles era comum grupos rivais roubarem o pavilhão de outro grupo, que seria uma espécie de troféu, diante desse fato a porta pavilhão denominada atualmente de porta bandeira, ela passou a ser escoltada pelo melhor capoeirista do grupo, que além de vir dançando executava golpes de capoeira em cima de quem tentasse se aproximar do pavilhão, muitas vezes eles vinham também armados de navalhas, facas, e punhais, armas brancas usadas por esses grupos na época. 

Com o passar dos anos e mais tranquilidade nos centros urbanos e fim dos grupos de Maltas, a navalha foi substituída simbolicamente pelo leque, a faca e punhal pelos lenços, mais os passos sambados e ágeis são sem dúvidas herança dos capoeiras arruaceiras do fim da escravidão.

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